segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Mochileiro Audiovisual

Por Thiago Dezan - Espaço Cubo

Foi minha primeira "mochilagem audiovisual", sim, já havia feito viagens para cobrir eventos, ou coisas do tipo, mas não é a mesma coisa. Dessa vez foram 20 dias na estrada e 8 estados percorridos em um microônibus com 13 pessoas, vou começar do começo, pra que seja compreensível.


Resolvemos construir um combo de música contemporânea mato-grossense, Música do Mato, 5 artistas de diferentes estilos tocando juntos e misturados. Macaco Bong, Linha Dura, Paulo Monarco, Dj Farinha e Ebinho Cardoso. Circulação garantida, em menos de dois meses de projeto articula-se uma turnê que passa por Brasília (DF), Pirenópolis (GO), Inhumas (GO), Uberlândia (MG), Fortaleza (CE), Natal (RN), João Pessoa (PB), Recife (PE) e Vitória da Conquista (BA). Nesse post tentarei me ater as experiências audiovisuais da viagem, pra não virar um livro.


Saímos de Cuiabá numa quarta feira, na primeira parada, em Brasília, apenas o DJ Farinha se apresentou, pois o show completo foi cancelado por causa da gripe suína. O show seria na UNB, enfim, ao menos nosso dj tocou no 5uinto, balada de música eletrônica underground. Tudo sob controle, havia gastado 3 fitas mini-dv’s até o momento e estava louco para conseguir editar em tempo real, o que não foi possível devido ao pouco tempo disponível nos computadores alheios.


Depois de Brasília fomos a Pirenópolis, teve show do Linha Dura e do Macaco Bong no Espaço Bioma, uma chácara no alto de um morro. Piri é uma cidade meio mística, até entrevistei um duende (tá, é mentira). Foi bacana conversar com o pessoal da Fósforo cultural (de Goiânia) e do Coletivo Pequi (de Anápolis) por lá, eles foram nos encontrar. Era a vez de seguir para Inhumas, onde fomos muito bem recepcionados pelo coletivo Goiaba Rock, o Música do Mato tocou no lançamento do Festival Goiaba, eu como sempre cobrindo tudo. Também aproveitei pra entregar algumas imagens do Festival Goiaba de 2007, gravadas por outro membro do Cubo na época.


Em Uberlândia tivemos um show sigiloso, pois a cidade toda está proibida de fazer eventos por causa da gripe suína (Déjà vu). Foi ótimo conhecer o Goma, tinha esse anseio há algum tempo. Lembro que o Tássio estava começando a editar o Compacto.Vídeo do Porcas Borboletas, esse que você pode conferir nesse mesmo blog, alguns post’s abaixo. Nem me lembro quantas fitas eu já tinha gravado, mas lembro que a próxima parada era na Feira da Música de Fortaleza, 40 horas dentro do micro é o que nos separava de lá.


De repente um engarrafamento interminável de caminhões faz nosso ônibus parar. Saco a câmera. Descemos do ônibus para averiguar o que acontecera, lhes digo, foi o plano seqüência mais surpreendente da minha vida. Íamos andando até a origem do engarrafamento, brincando no caminho, ao chegar acontece o choque. Duas pessoas, ou corpos, no chão. Uma carreta contra uma pick-up, o resultado parecia cinema trash.


Tragédias à parte, chegamos em Fortaleza são e salvos, fomos direto pra Feira da Música, já era tarde, fizemos nosso cadastro e fomos dormir no hotel. Sabe aquelas pessoas q você só "vê" nos emails? Então, estavam todos lá. É difícil calcular o número de atividades na feira, pra filmar algo você tinha que deixar de filmar dez outras coisas, isso sem contar as programações off-feira, tipo reuniões na pizzaria ou no hall dos hotéis, que é onde a articulação acontece mesmo.


Sete fitas a mais e alguns dias depois fomos para Natal. Coletivo Noize, Lado [R], DoSol e Tropa Trupe dando todo suporte, Natal é uma cidade que dá vontade de morar. Fizemos gravações com essa galera toda e o Lado [R] fez um programa bem massa com o Macaco Bong, assim como o DoSol. Tivemos uma estada bem rápida em João Pessoa, um dia apenas, mas o show no Espaço Mundo foi foda, era quarta feira e o bar bombou, impressionante. Tomamos até trote, antes de ir embora, a Carol do Coletivo Mundo nos levou pra Ponta do Seixas, praia cheia de pedras, todo mundo se cortou. Sim, gravei essa cena.


Minha promessa disso não virar um livro se descumpriu, mas já estamos em Recife, penúltima cidade da turnê. Lá foram feitos dois shows, Macaco Bong e Porcas Borboletas (o Porcas também estava em turnê pelo nordeste ao mesmo tempo que a gente) no club Nox (boate alto nível de Recife, puta estrutura) e Musica do Mato na Rua da Moeda. A Rua da Moeda fica no centro histórico de Recife, o coletivo Lumo montou um palco na calçada, tinham mais de mil pessoas de público, visualmente o "pico" é perfeito.

Ainda em Recife... Ficamos hospedados numa casa locada pelo Lumo para receber os membros do Circuito que estavam de passagem por ali durante o período pós Feira da Música, Porcas Borboletas e Independência ou Marte foram nossos companheiros de "república".


A ida para Vitória da Conquista foi bem cansativa, mas ao chegar fomos compensados, o show era na praça central da cidade, montaram um palco gigante, tinham camisetas especificas do evento para produção, camarim com mesa de frios, isso fora a hospedagem. O Alison (grande músico da região) e sua esposa Leu, organizadores do evento, nos deixaram na casa deles, todo mundo muito bem acomodado.


No dia seguinte ao show o Música do Mato realizou oficinas na cidade, o Macaco Bong de sustentabilidade na cena independente, Ney Hugo (cubo Comunicação) de Web Rádio e eu de Web TV. O resultado foi muito legal, você pode conferir a web tv produzida no www.youtube.com/musicadomato, pena que a oficina foi de 4 horas apenas, então não deu pra pirar muito no programa.


Vitória da conquista ainda guardava uma surpresa, principalmente pra mim, videomaker errante, mochileiro audiovisual. Lembra-se que diretor renomado nasceu em Vitória da Conquista? Glauber Rocha! Um grupo de vj’s que conheci na oficina levaram-me pra conhecer a casa onde nasceu e passou parte da vida, era pra fechar com chave de ouro mesmo. As 40 e tantas horas de volta pra Cuiabá passaram num piscar de olhos, hora de retomar os trabalhos deixados por aqui.


Até a próxima!


Nenhum comentário:

Postar um comentário